quarta-feira, 19 de março de 2014

Bora no Subway!

Em 2010 eu e minha grande amiga/irmã, Priscila Neves, viajamos para Nova Iorque. Uma amiga nossa estava morando lá e resolvemos visitar ela e a cidade. 

Viajar com amigos é uma das coisas mais prazerosas do mundo. Mas é importante viajar com alguém compatível com você. Minha avó sempre falava que você vê se a pessoa combina com você quando você viaja com ela. Eu e Priscila já sabíamos que a gente combinava. Somos amigas desde os 7 anos, e Priscila é uma irmã.
NY é um sonho. Eu amo aquela cidade. Lá acontece de tudo, e nada é incomum. Pessoas de todos os tipos convivem de forma tão caótica, que chega a ficar harmônica. NY é harmoniosamente caótica. E, dentro do seu caos, ela funciona bem.

A viagem foi maravilhosa. Passeamos, fizemos piquenique no Central Park, fomos a museus e, claro, compramos muito. Nova Iorque é uma cidade super democrática nesse ponto; permite que você faça todos os tipo de programa. Mas claro, duas amigas juntas em NY, um dos principais focos era compras. 

A gente andava, andava, andava. O dia inteiro. Era metrô e pé no chão. Geralmente a gente saía pra jantar com nossa amiga que morava lá. À noite, era sempre um lugar bacaninha, indicado pela nossa amiga, que conhece NY como a palma da mão. 

De dia, a gente almoçava onde desse. Algumas vezes, acabávamos comendo um sanduíche no Subway. Barato, gostosinho e rápido. Sim, em NY, tempo é dinheiro. No caso, menos dinheiro. Mas faz parte.

Pri tinha vergonha de falar inglês lá. Bobeira, porque falava bem e todo mundo entendia. Mas, vergonha é algo que não se resolve com argumentos. Então, quando ela queria saber algo, ela pedia pra eu perguntar. Isso rolou até o quarto dia. Depois, ela viu que era bobeira e começou a mandar ver no inglês. 

Num dos vários dias que fomos a Victoria Secret’s, optamos por falar inglês entre si. Por quê? Olha, eu achava que era exagero. Mas não é. As brasileiras são hilárias quando estão na Victoria Secrets. Elas vêem aqueles cremes que no Brasil custam 70 reais por 20 dólares 3 unidades, e PIRAM. Grita, chama a mãe, as amigas…. Tudo num decibéis altíssimo. Aí sim, uma coisa digna de vergonha. Vergonha alheira, ainda bem.
Eu e Pri também ficamos super empolgadas, mas mantivemos a calma e falávamos em inglês. 

Chegou a hora de pagar. Eu tinha feito aquele cartão Visa pré pago, e não quis habilitar o cartão de crédito porque achava que o dinheiro do débito era mais que suficiente. 

Cheguei no caixa, passei todas as minhas coisas e dei o cartão pro funcionário da loja. Ele passou e me pediu a senha:

- Please, password.

Digitei, dei ok e continuei meu papo com a Priscila. 

- Lady, the card was declined.
- What….?
- You don’t have credit enough.
- Sorry…. What…?

Depois da quarta sequência de perguntas e respostas desse tipo, Priscila se irritou:

- Chê!!! Você não entendeu?! Tá sem crédito!!!!!

Na hora me bateu um desespero gigante. Falei que não ia levar metade das coisas, mas Priscila me convenceu a levar e analisar a situação em casa. Eu paguei com o resto de dinheiro que eu levei na mão, e fomos embora.

Saímos da loja mudas. Ela também teve um choque ao ver sua situação do cartão. Mas ela estava com cartão de crédito, que te dá aquela pseudo sensação de controle. Seu dinheiro não acaba. 

- Chê, não fica assim…. Eu também tô mal de cabeça… 
- Priscila, eu trouxe esse dinheiro pra 11 dias de viagem. Como acaba no quarto? Gente, meu Deus, meu pai vai morrer de desgosto…

Nós duas ficamos super mal de cabeça. Chegamos a pensar em adiantar o vôo de volta para resolver aquela questão. Nem quisemos sair pra jantar fora. Lanchamos com coisas que tínhamos comprado no mercado. 

A gente tinha comprado um cartão para ligar pro Brasil. A gente usava, usava e o cartão não acabava. Acho que ele não tinha fim porque saímos e deixamos muito crédito pra nossa amiga lá. 

Nesse dia do choque de compras, eu resolvi ligar pro meu pai. Sabia que a probabilidade de eu ouvir uma repreensão era imensa, mas eu queria falar com ele. Parecia que eu tinha traído meu pai… 
Eu tinha ido a NY com meu pai em 2000. Lembro exatamente que levei 1.000 dólares e voltei com 400. Não sei como, mas lembro bem disso. De repente, eu estava de novo naquela cidade e, no quarto dia, eu tinha exterminado muito mais que os 1.000 dólares que eu tinha levado
Respirei fundo e liguei. Pasmem vocês, meu pai conseguiu me convencer a ficar todos os dias planejados, e a relaxar.

- A gente trabalha pra isso, minha filha. Quando voltar, você vê como resolve. 

Certamente ele me falou isso com certo incômodo. Meu pai é sociólogo, de esquerda, totalmente averso a essa consumismo de hoje. Mas, ele foi um paizão. Me ajudou psicologicamente quando precisei. As palavras dele, sem dúvida nenhuma, me fizem mais sentido que 10 sessões de terapia. 

Quando desliguei com ele, eu era outra pessoa. Eu e Pri sentamos e traçamos um “plano” pensando em aproveitar mais a cidade e comprar menos. E é, claro, os almoços agora só no Subway. 

No dia seguinte, fomos ao MOMA (que é o museu que mais curto em NY) e no Empire State. Tava bem frio, apesar de ser Maio. Os dias oscilavam bastante entre calor e friozinho. Esse foi o dia mais frio que pegamos lá. 

Pois bem, descemos do Empire State loucas de fome, querendo achar um Subway pra comer. Por uma questão de logística, resolvemos ir pro Time Square. A gente comeria e depois ficaríamos por alí. Acho que era dia do “Mamma Mia”. 

Pegamos o metrô com destino ao Time Square. Estava tudo planejado na nossa cabeça: “Vamos comer naquele Subway lindinho que tem lá, e depois vamos pro musical”. 

A gente tinha visto esse Subway quando estávamos chegando a NY, no táxi que nos levou do aeroporto a casa da nossa amiga. Toda a iluminação e o tamanho da lanchonete chamou a nossa atenção. E, como em alguns dias íamos a Subways bem “pobrezinhos”, a gente foi todas animadas pra lá!

- Vamos comer sanduíche mas pelo o menos num lugar mais legal!

Chegamos. Ficamos procurando o subway desesperadamente. A fome era imensa, e a pressa grande.
Olhávamos, procurávamos, andávamos e, nada. 

- Cara, foi aqui que a gente viu, não foi, Pri?
- Foi. Tenho certeza. Sou boa nisso.

Essa afirmação da Priscila é totalmente discutível, mas isso fica pra um próximo post. Esse já está ficando grande demais.

- Ué, gente… Cadê????

De repente, eu olho pra um lado que ainda não tinha “explorado” e vi: SUBWAY. Bem grande. Todo aceso! Luzes piscando! Lindo!

- Láaaaaaaa, Pri!!! 
- Aiiii que bom! É lá mesmo. Vamos!

A gente estava um pouco longe. Fomos andando, conversando, até que chegamos a uns 50 metros da lanchonete. Ou melhor…

Enfim, estávamos lá. Bastava o sinal de pedestres abrir para atravessarmos a rua, e matarmos quem estava nos matando. #soquenao

Ficamos paralisadas olhando a fachada do Subway durante uns 2 minutos. Sem uma única palavra. 

Eu olhei pra Priscila, Priscila olhou pra mim, e caímos numa gargalhada sem fim. Daquelas que dói a barriga.

O nosso lindo e esperado Subway era a estação de metrô do Times Square!!!!!!!

Maldito lugar que faz uma lanchonete com nome de metrô. Ficamos ali, morrendo de rir por mais uns 10 minutos. A gente parava, olhava pro painel SUBWAY iluminado, e caía na gargalhada. Até hoje essa história rende boas gargalhas. 

Priscila teve vergonha dessa história até poucos tempo atrás, quando entendeu que certas situações precisam ser compartilhadas. É de utilidade pública.
Acabamos indo numa rua lateral do Times Square, e comendo no pior Subway da viagem toda. Mas, era tanta gargalhada, que nem ligamos pro lugar. 

Ahhhhh que saudade dessa viagem, amiga.

Foto em homenagem a Pri, tirada quando eu voltei a NY em 2012. 

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