Mas hoje sai do trabalho num horário educado e consegui ligar com calma pra ela. Falamos por uns 20 minutos e, claro, o papo rendeu esse post. UFA! A verdade é que eu tava sentindo falta dos papos descontraídos com a minha mãe.
Começamos falando da vida, do trabalho, do dia... Depois chegamos a um assunto que ainda não tínhamos discutido. Sem dúvida por causa de falta de oportunidade porque a gente adora discutir assuntos polêmicos. O assunto foi a queda do avião alemão.
Minha mãe está inconformada até hoje.
- Como assim, Marina? Ninguém avisou que esse rapaz não poderia pilotar? Gente.... O cara tava mal, tinha 27 anos.... Como o outro sai e deixa ele sozinho na salinha de pilotagem?
- Ué, mãe, mas o cara não podia ir ao banheiro?
- Mas, Marina, sair e trancar a porta? Como assim essa porta só abria por dentro? Não tinha um segredo, um massete, qualquer coisa? Que isso.... Falaram que é por causa de terrorismo. Mas, o que adianta, gente? Protege do terrorista e mata cento e tantas pessoas? Dois bebês, Marina!!!!!!
- É, muito triste.
- Mais que isso, criminoso. Acho um absurdo isso tudo. Na verdade eu acho que deviam acabar com esse negócio de aviação. Chega.
- Como assim, mãe? E como a gente ia se deslocar?
- Ué, ônibus. 1001. Eu sempre disso que é a melhor forma.
- Mas, mãe, ir a Londres de 1001?
- Aí que tá! Não tem que ir a lugar nenhum! Cada um na sua e pronto. Que voar o quê? Para com isso, gente! Tá dando errado.... Ninguém tá percebendo isso? Toda semana tem algum acidente. Olha o filho do Alckmin... Que absurdo.
- É, muito triste aquilo.
- É, mas não adianta ficar lamentando depois não. O filho do Alckmin, por exemplo, foi chamado para testar sei lá o que no helicóptero. TESTAR? Oi?? Se alguém me chamasse pra testar um helicóptero eu não ia meeeeeesmo. Seis pessoas pra testar o troço lá? Ahhhhh, gente. E olha que o helicóptero tinha sei lá quantas horas de vôo, o piloto também... Porque eles sempre falam isso, né? Acho que é pra reforçar que foi uma fatalidade. Fatalidade??????? Toda semana???? Pelo amor de Deus, gente.
Eu comecei a rir...
- Você ri, né? Não tem graça, Marina. Tava aqui falando com o Waldyr (meu padrasto), e ele disse que de carro os acidentes são mais numerosos. Mas eu não tô falando de carro, e sim de ônibus. Transporte coletivo. 1001. Raramente você vê um acidente de ônibus.
- Mas, mãe...
- Marina, pra mim, não tem mais essa. Chega de avião. Um monte de gente junta, num troço fechado, a quilômetros do chão, com um bando de regras duvidosas, sem um controle efetivo... Tô fora. Faz o favor de evitar também, tá?