domingo, 26 de janeiro de 2014

460 Anos

Ontem São Paulo fez aniversário: 460 anos. Mas eu só descobri a cidade há 1 ano e meio. 

É verdade que eu já tinha vindo a São Paulo algumas vezes. Minha mãe adora SP e meu ex cunhado mora aqui. Eu curtia vir para passar 3 dias, no máximo. Nunca me imaginei fora do Rio.

A verdade é que eu nunca me imaginei fazendo uma mudança tão grande de vida. Nasci e morei no Rio até os meus 29 anos. Minha alma é carioca. Cortar essa raiz nunca foi sequer uma ideia na minha cabeça, até que minha mãe se mudou para Minas Gerais. 

Eu tinha 21 anos e foi uma puta mudança na vida da nossa família. Sofri muito e ela também. Demoramos a nos acostumar. Mas aí entra uma característica do ser humano que eu admiro muito: a gente se adapta. Até aos acontecimentos mais trágicos, a gente se adapta. E cá entre nós, eu no Rio e minha mãe em Minas não é nada drástico. Meu grande aprendizado foi entender, de verdade, que a distância muitas vezes aproxima. E que sim, por mais brega que seja, o amor vence a barreira da distância.

Minha vida continuou carioca. Terminei um namoro... Fiquei "solteira no Rio de Janeiro".... Comecei a namorar de novo. Depois de 8 meses, meu namorado, também publicitário, recebeu uma proposta para ir trabalhar em São Paulo. Eu sabia que era questão de tempo para isso acontecer, e recebi a notícias numa boa. É bem verdade que, no momento que ele efetivamente se mudou, a relação passou por uma fase delicada. "Será que eu continuo?" "Será que um dia eu me vejo em SP....?" Decidi deixar a vida me levar, como diz nosso querido carioca Zeca, e aprender a conviver com a ponte aérea; uma difícil decisão pra quem tem tanto medo de avião. 

Depois de quase 1 ano, recebi uma proposta de trabalho pra São Paulo e resolvi arriscar. Foi difícil... Lembro bem do dia que eu saí do Rio rumo a São Paulo. Chorei copiosamente. Minhas mãe só dizia: "se não quiser, não vai. Fica. Mas eu acho que você deve ir... Você é forte, minha filha." E eu sentia que devia ir, que devia arriscar.

Me entreguei ao "avesso do avesso do avesso do avesso". E pra surpresa, São Paulo me recebeu de braços abertos, apesar de ser o Rio que tem o Cristo. Aquela cidade cinza, só foi cinza pra mim durante algumas semanas. Aos poucos, de forma rápida, tornou-se colorida. Parei de procurar o Rio em São Paulo e descobri que, se eu sentisse muita saudade, eu poderia matá-la em 45 minutos. Ou em 6 horas, se a grana for curta.

É bem verdade que muitas vezes eu sinto falta de estar no Rio. Mas é muito mais pelas pessoas que lá estão do que pelo Rio em si. Sinto falta de poder vê-las a hora que eu quiser. Mas logo lembro que encontros repentinos nos dias de semana eram dificílimos. Cada um tem sua vida, sua batalha. Viver exige foco e cansa. 

Casei. Tirei carteira de motorista. Deixei de ter (tanto) medo de avião. Virei fã de japonês. E aprendi a admirar um chope. São Paulo me transformou. E depois de quase 2 anos, posso dizer que me apaixonei pela Big Apple brasileira. 

E antes que qualquer carioca me chame de traía; SIM, é claro que eu continuo amando o Rio. O Rio de Janeiro é a minha cidade. Procurar o Rio em São Paulo, assim como São Paulo no Rio é uma tarefa inútil. São cidades com princípios diferentes, estilos de vida diferentes, propostas de vida diferentes. Mas foi São Paulo que me mostrou uma coisa incrível: felicidade começa do lado de dentro. 

Obrigada, São Paulo! E parabéns!


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Eu, ela e Amores Roubados.


Sou filha única de mãe e sempre fomos muito próximas. A gente sempre tem assuntos que são exaustivamente discutidos. Esses assuntos variam de acordo com o que acontece no mundo, ou o que passa na TV… Pode ser uma notícia, uma serie, uma novela, uma conduta…. A gente curte discutir assuntos. Ela em Juiz de Fora e eu São Paulo; são horas de bla bla bla… Extremamente construtivas. 

A bola da vez é a minisserie Amores Roubados. Desde que começou, é pelo o menos uma ligação pra falar do que aconteceu, do que cada uma acha que vai acontecer, da parte psíquica e emocional de cada um dos personagem. Tudo sempre é levado super a serio e a maior discussão desse último vicio foi grave. 

O motivo foi a morte do personagem do Cauã, o Leandro. O cara toma um tiro, cai de um precipício num carro, jogam fogo no mesmo e existe a ideia que sim, ele está vivo. Na minha cabeça é impossível alguém sobreviver àquilo tudo. Pra minha mãe, pode acontecer. 

É claro que, pelo lado da emoção todo mundo quer que o Leandro esteja vivo. Sem dúvida, Cauã conquistou todas as mulheres do Brasil nessa minisserie. Mas… a discussão é viabilidade. Pra mim, a chance de ele poder sobreviver é 0,1%, atrelando o fato a um milagre, àquelas coisas que a gente não explica. Pra minha mãe, totalmente possível de acontecer.

- Mãe, você realmente acha que é possível o cara estar vivo??
- Marina, acho. São essas coisas da vida….. Você viu o jagunço que chegou e viu o carro? Tem algo aí…. E o dedo dele mexeu!!!
- Mãe, espasmo muscular, dor. Pelo amor de Deus, o jagunço apareceu depois de um dia e uma noite que o cara estava lá agonizando. 

Foi mais ou menos uma hora de discussão. Eu sempre tento o apoio do meu marido:


- Não é, amor, você não acha também impossível ele estar vivo?


Imediatamente ele levantou e foi saindo da sala:

- Ihhhhhhhhhh, não me mete nisso não... Vocês são doidas.... 

Não teve jeito. Virou briga. Eu me exaltava em São Paulo, e ela no Rio (ela está no Rio esses dias).
Não aguentei. Resolvemos desligar sem chegar a uma conclusão.

- Mãe, chega. Quero desligar.
- Eu também.
- Tá, mas não me liga amanhã pra falar disso. Vamos dar um tempo….!!!!!

Nada feito. No dia seguinte, a serie acabou e o celular tocou:

- Viu, né? Agora já era…..

Discutimos um pouco, mas eu estava na casa de uns amigos e a ligação não passou de 3 minutos. 

Hoje, quinta-feira, véspera do final da serie, ela viu na TV o teaser do penúltimo capítulo. Claro, me ligou pra contar.

- Olha, passou aqui na TV…. Outro tiroteio e um rapaz pulando pra fugir. Acho que era Liandro.

A gente só fala do personagem desse jeito: Liandro pra lá, Liandro pra cá… Foram mais 5 ligações afirmando que era Liandro. Eu acho que é o primo, mas não vi o teaser.

Confesso que estou um pouco triste com o fim da serie. Primeiro porque é super bem feita e tem atores incríveis. Segundo que a opção direta é o Big Brother, que pra mim não é opção. Parecia um sonho acabar a novela (com o show do Matheus Solano), e logo começar Amores Roubados, com o show de muita gente e, sim claro, o belo Cauã. Lembrei muito da minha infância, da Gávea e de todas as lembranças que estão ligadas a elas. 

Vou ficar órfã de Amores Roubados. E mais ainda, dos papos longos, das imensas risadas, do telefone tocando assim que acabava a serie. Sempre que alguma coisa que provoca esse tipo de contato entre mim e minha mãe, quando acaba, me faz muita falta. Parece que a distância entre SP e Juiz de Fora fica ainda maior. Mas com certeza já já aparece outro assunto altamente discutível pra Juiz de Fora aparecer em SP ou SP aparecer em Juiz de Fora. Eeeeeeta vida muderna corrida!

domingo, 12 de janeiro de 2014

Brilho Especial

Você tá sentada no sofá esperando sua mãe terminar de se arrumar para irem a um casamento, quando ela aparece na sala:
- Gente, que absurdo!!!!
- O que, mãe?!
- Marina, minha filha, olha isso aqui. Esse brilho labial... Gente, mais parece um sebo. Que coisa... Bem que você fala que tem coisa que não presta.
E ela mostra de longe o brilho.
- Deixa eu ver aqui, mãe.
Olhei pra ela assustada e disse:
- Mãe, vai lavar a boca!! Isso é cola!!!!!
- O QUE? Marina, você tá de brincadeira?
- Claro que não! Olha aqui... CO-LA. 

E sai ela correndo pro banheiro:
- Agora você vê. A embalagem igual à de um brilho de lábio... Q absurdo!

Resultado: passou o casamento inteiro reclamando que a boca tava colando. #fail



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Porque ser diferente é normal.

Num papo com meu pai nesse fim de ano, estávamos falando sobre moralidade, conduta, o certo e o errado. Não lembro bem o assunto da conversa, mas eu disse que tentava sempre agir corretamente e estar sempre certa. Foi quando meu pai me olhou e disse com aquela voz calma que só o passar dos anos permite:

- Minha filha, não tenha pretensão de ser certa. Ser certa dá muito trabalho. O que me salva é minha loucura. O mundo não tá pros certos da cabeça não. Não perca seu tempo.

Fiquei pensando que aquele não era um conselho tradicional de um pai. Mas em matéria de tradição, minha família não é nem um pouco fiel. Meu pai teve quatro filhos, de quatro mães diferentes, sendo que todas elas se dão bem e convivem entre si. 


Meu pai não é certo; o que não tem absolutamente nada a ver com ser ou não uma pessoa correta. Mas certinho, tradicional, by the book, ele não é. 

Na verdade, a minha família não é nada certinha. Não vou eu inventar de ser diferente, né?! 


Louco... Certinho... Moderninho ou tradicional, o importante é respeitarmos o jeito de cada um.  E viva a diferença!