Vieram me perguntar
porque eu não coloquei o nome do meu blog de “O Fantástico Mundo
de Marina”. Primeiro, acho um pouco presunçoso qualquer pessoa
chamar a sua própria vida de fantástica. Acho que “fantástico”
é um adjetivo que pode até caracterizar a vida de alguém, mas eu
penso só ser possível defini-la desta forma depois que a pessoa
morre. A pessoa não fala “minha vida é fantástica”. Já... “A
vida de fulano era fantástica” é possível.
Minha vida certamente
não é e nem será rotulada como fantástica. Não sou uma pessoa
que ouso demais, não vivo perigosamente, não criei nenhum novo e
útil objetivo pra humanidade, não descobri a cura de nenhuma
doença, não compus belas músicas, não lutei ferozmente por alguma causa... Mas, nem por isso, minha vida é chata ou morna.
As pessoas vivem
procurando motivos para mostrar aos outros como sua própria vida
está incrível. É fácil ter vida incrível no facebook, no
instagran, no mundo virtual. Aqui fora, no dia a dia, a vida é
complicada, às vezes bem sofrida, cheia de lutas, que geralmente não
vão parar nas páginas do facebook. Vejo muita gente falando “aquela
ali quer mostrar que como a vida é maravilhosa só com as postagens
do face”. Me desculpa, mas pra mim, quem acha que a vida de uma
pessoa está maravilhosa só pelo facebook pensa pequeno. Muito
pequeno. Qualquer um que tenha um mínimo senso crítico sabe que ali
estão fotos felizes, momentos bacanas, lapsos de alegria, tudo “very
happy”. São reais, mas são momentos, “frames de
realidade”.
Eu ouço muito: “te
acompanho pelo face”. Acho legal, significa que a pessoa acaba
sabendo algumas coisas de mim. Mas, se alguém quer saber mesmo da
vida de outra pessoa, não é no facebook que vai procurar, certo? Lá
todos poderiam ser: Marina Cherfen – Super Feliz; Fulana de Tal –
Só Alegria, etc. Verdade seja dita: lá a gente pode ser o que a gente
quiser...
Dor, o sofrimento e até
a felicidade real não estão ali. A historia de vida de cada um de
nós não está naqueles posts escritos e fotográficos. Está
no encontro olho no olho, na voz de uma ligação, em mensagens
enviadas de forma privada... O mundo real deve contar com o virtual,
mas como complemento, como extensão do que é concreto, verdadeiro.
Sendo meu blog meu
mundo virtual, ele nunca vai alcançar o que realmente é meu mundo
real. Mas a intenção não é essa; é poder falar, trocar,
discutir, contar coisas que acontecem comigo; sendo fantásticas ou
totalmente cotidianas. No meu caso, as cotidianas às vezes até são
fantásticas, já que eu tenho pais fantásticos. Eles sim eu posso
adjetivar dessa forma.