terça-feira, 17 de dezembro de 2013

My doter, my doter!


Já fui a NY três vezes. Adoro! Voltaria quantas vezes fosse possível. NY é a capital do mundo. Você vê pessoas do mundo todo e cultura do mundo todo. E claro, é um centro do consumismo. Odeio shopping, e não me julgo uma pessoa muito consumista, mas em NY as compras simplesmente acontecem. 



Bem, a primeira vez fui a NY foi com o meu pai. E pra quem não sabe, meu pai é sociólogo, professor de História e Geografia, guia turístico e colecionador de antiguidades. Hoje, ele tem um antiquário e trabalha só com isso. Só mais ou menos, porque trabalha se segunda a segunda. Guerreiro.

Viajamos em 2000. Eu estava no ano do vestibular e no 11º ano de Santo Agostinho. Um ano difícil. Meu pai propos viajar e eu adorei. Fiquei surpresa pois jamais pensei que viria do meu pai um convite para viajar aos Estados Unidos algum dia. Mas aconteceu.

Claro, que ir aos Estados Unidos com meu pai não é uma viagem "padrão", a que todo mundo faz. Ele dizia que o único lugar dos EUA que ele queria conhecer era NY; por causa da "cosmopolitaniedade" do local. 
- Nova Iorque está nos Estados Unidos, mas não é Estados Unidos.

Ok, eu queria mesmo é ir. Podia ser o que ele quisesse.

Ficamos em New Jersey, na casa do filho de um amigo do meu pai. As outras vezes que fui, fiquei em Manhattan, e definitivamente ficar em NJ não é a mesma coisa que ficar no centro de tudo. Mas estava ótimo! A gente ia e vinha todo dia a Manhattan de metrô. 30 minutos. Super fácil.

Eu fui a NY mais 2 vezes. Pude ter a certeza que ir com meu pai é uma experiência sem igual. Com os amigos você vai a museus, peças, exposições, mas também vai às compras. Com meu pai a negociação para as compras era diária e cansativa. Por ele, a gente só ia a museus, pontos turísticos e comia em lugares saudáveis. 

Para vocês não pensarem que eu sou uma alienada, todas as vezes que fui a NY fui a museus, peças e pontos turísticos (e não turísticos, que muitas vezes são bem mais legais que os lugares "tradicionais"). Em NY tudo muda o tempo todo. A NY de 2000 não era mais a NY de 2012. A cidade tem vida própria e é incansavelmente mutante. Acho que se você for todo ano a NY, você vai ver coisas diferentes sempre. Acho não, tenho certeza.

Pois bem, entre os museus, exposições e refeições sempre a base de comida, COMIDA, eu conseguia entrar em uma loja ou outra. A gente sempre tentava negociar uma forma de eu ir sozinha e ele fazer outra coisa. De vez em quando saía uma briga imensa porque eu queria entrar em alguma loja sem uma combinação prévia. Ele sempre discutia muito, dizia que ia me deixar sozinha e seguir pro destino. Eu dizia que tudo bem e entrava na loja em questão. Quando via, estava ele lá, entre uma prateleira ou outra, tentando se esconder. 

Meu pai é o famoso pai babão que se faz de duro. Às vezes ele é duro, mas acho que todo pai é. A grande questão é que ele é de esquerda e, no caso dele, ser duro é discordar de coisas que a maioria das pessoas fazem. Ex: ele nunca gostou que eu usasse roupa com palavras em inglês ou almoçasse no Mac Donald's. Até acontecia, mas tinha sempre um sermão acompanhado. 

Voltando pra NY... Combinamos um dia para eu ir e ficar um tempo razoável na Macy's. Pra quem não sabe, Macy's é uma loja de departamento que tem uns 6 andares. Qualquer pessoa (pelo o menos, qualquer mulher) fica enlouquecida la dentro. Combinamos um horário na porta da loja e nos separamos. 

Eu literalmente me joguei na Macy's. Nunca tinha visto algo como aquilo. Nem cheguei a subir; o primeiro andar me consumiu todas as horas que eu tinha para aproveitar a loja. 
Deu o horário marcado, e eu fui pra porta. Passam 5 minutos.... 10 minutos.... 15 ... 20 .... 30 .... 40 .... Bem, do jeito que meu pai é atrasado, eu supus que ele tivesse se perdido na hora, e entrei na loja novamente. 
Pensei: "Bem, eu tô aqui segura. Ele me acha." E fiquei no primeiro andar, vendo as milhões de lojas que tinham lá. 

Em algum momento, um vendedor me disse que eu tinha direito a descontos por ser turista e fui pegar o livreto de cupons dos descontos. (Essa é uma boa dica pra quem vai pra lá. Tudo pode e deve ter desconto.). 

Para pegar o livreto, tive que subir uma escada para um lugar específico de turistas. 
Lá dava pra ver o primeiro andar de uma forma geral....

De repente, olhei pra baixo e vejo meu pai adentrar (o que é BEM diferente de entrar) na Macy's. Ele estava acompanhado de uns 3 policiais nova iorquinos e andando muito rápido. 
Sabe aqueles que aparecem em filme policial? Eles mesmos. Iguaiszinhos. 


Por segundos eu achei que aquilo fosse um engano, que não era meu pai. Mas logo vi que era sim, e ouvi ele falando: "my doter, my doter". (Tô escrevendo dessa forma porque ele falava desse jeito. Exatamente assim: doter.)

Fui descendo as escadas pro primeiro andar e disse:
- Pai.......!?

Ele, e os três policiais, me olharam. 
- Mariiiiina! Minha filha! My doter! 
Mas ele falou alto,BEM ALTO. Quase todo o primeiro andar da Macy's parou para olhar a cena. 

Ele correu, me abraçou e ficou repetindo:
- Marina, Marina, my doter, minha filha....
Os três policiais ficaram olhando a cena. Eles e mais umas 200 pessoas.

Eu expliquei que fiquei na porta 40 minutos e resolvi entrar de novo. Claro que depois de saber que eu tava bem, ele ficou puto e disse que eu não tinha cumprido o que tínhamos combinado. Foi uma discussão de uns 10 minutos até entendermos que a loja tinham 4 entradas/saídas. Ele chegou no horário marcado em uma entrada e eu estava em outra. Simples e idiota assim. 

Você achou que acabou? Nananinanão.....

Um dos policiais veio falar comigo.
- Menina, seu pai disse que você poderia ter sido sequestrada. Aconteceu algo? Você está bem?

Sinceramente, eu não sei como meu pai falou de sequestro com os policiais. O inglês dele é básico, e ele só conseguia se comunicar misturando palavras e mímicas. Sofro em pensar como ele possa ter feito sequestro em gestos, meu Deus... Mas acho que no desespero as pessoas conseguem se comunicar. 

- Não, senhor, estou bem. Foi um mal entendido, desencontro. Respondi já rindo. 

Super sérios, eles fizeram sinal de "ok" com a cabeça e foram embora.

Ficamos eu e meu pai no meio da Macy's sob os olhos das pessoas. Me senti obrigada de falar alguma coisa...
- I'm ok, I'm ok.

Todos aplaudiram. Morrendo de vergonha, a gente saiu rápido da loja. Não ousei pisar mais lá. Ou melhor, não nessa viagem.
Voltei a NY em 2010, mas acho que ninguém lembrou de mim não.

domingo, 8 de dezembro de 2013

É nóis no metrô errejota!



Na última temporada que passei no Rio, fiquei quase 2 semanas na Cidade Maravilhosa. E para ser ainda mais maravilhosa, tive que a companhia da minha mãe nesse período. 

Aproveitamos para colocar várias coisas em dia, fazer o nosso bazar semestral e ir naqueles médicos que, por mais que a gente mude de cidade, a gente volta pra continuar indo neles.

Pois bem, minha mãe tinha uma consulta marcada pras 14h na Tijuca. Ela deu a ideia de ir de ônibus, mas eu logo cortei falando que era melhor pegar o metrô. Ela morre de medo, mas usa a desculpa (que eu até entendo e concordo) que se anda TANTO pra chegar ao vagão em algumas estações do metro do Rio que é melhor "sentar num ônibus e ir direto". Mas enfim, fomos de metrô. 

Andamos até a estação Cantagalo porque a General Osório está fechada. Compramos os bilhetes e eu perguntei pra vendedora: 
- Oi, eu to indo pra Saens Peña. É direto...? Mudou algo?

Perguntei isso porque tiveram umas mudanças no metrô do Rio, e como sou uma carioca morando em São Paulo, não acompanhei de perto quais foram. Bem, ela disse que estava tudo igual. OK! Fomos nós.

Entramos num vagão lindo, vazio, com o ar condicionar bombando. - Ai, Marina, nem acredito que a gente vai desse jeito...
- Pois é, sorte!

E começamos a conversar... Como ela não tinha lido o post da Família Buscapé, resolvi ler pra ela. O metrô demorou uns minutos, mas saiu. 


Como sei que a ida até a Tijuca dura pelo o menos 30 minutos, relaxei. O metrô andava, parava, andava de novo. Entrava gente, saia. Até que olhei rapidamente pela janela (aquela famosa conferidinha de estação)....

Vi "Siqueira Campos". Achei esquisito porque a gente já tinha andado e parado muito, mas cheguei a rápida conclusão que eu devia ter me confundido. Continuei lendo o texto.

Ela ria, eu ria, o metrô parava, andava.... E foi assim mais uns 5 minutos. 

De repente, eu olho pela janela e vejo: Estação Siqueira Campos. E todo mundo descendo.... 
- Mãe, tem alguma coisa errada. A gente andou andou e tá na Siqueira Campos...? Tem algo errado. 
- Ué, Marina... Ué, Marina.... O rapaz deve ter errado quando disse no alto falante.
- Não, mãe, tá alí ó: Estação Siqueira Campos. Eu li e reli várias vezes.

Por alguns segundos eu não entendi o que tava acontecendo e achei que tivesse louca.Até que uma senhora viu o nosso aparente desespero e chegou perto:
- Oi, posso ajudar?- Moça, por favor, a gente está mesmo na estação Siqueira Campos??? Porque a gente já andou taaaanto... Paramos em várias estações.... E ainda estamos aqui?- Sim, aqui é a Estação Siqueira Campos.

Minha mãe, no devaneio que o desespero dá, achou que entre Cantagalo e Siqueira Campos tinham umas 5 estações. Eu insisti:
- Mãe, Siqueira Campos é a estação seguinte a Estação Cantagalo. Não é, moça?
- É sim. E é aqui que vocês pegam a linha 1 (ou 2, sei lá) pra Tijuca.
- Ooooooooooooooooooooooooi? Como assim? Me assustei.
- É, esse trem só faz a viagem entre a estação Cantagalo e Siqueira Campos. Daqui, todos saem do vagão pra pegar a linha que desejam.
- Marina, eu não estou entendendo...... 
- Mas, peraí, moça. Então quer dizer que eu e minha mãe estamos indo e voltando do Cantagalo à Siqueira Campos????? Porque eu tenho certeza que já paramos pelo o menos umas 6 vezes. 
Rindo sem graça, ela disse:
- É, parece que sim. Mas eu tô indo pra Tijuca, vêm comigo.

Eu nem sei a cara que eu fiz quando ela disse isso. Foi uma mistura de "Ai Meu Deus" com uma gargalhada que não dava pra evitar. Já minha mãe...
- Marina, como assim?
- Vambora, mãe. É isso mesmo, ficamos indo e voltando. Vamos agilizar pra você não perder o médico.

Seguimos a moça e pegamos o metrô pra Tijuca. LOTADO, mas conseguimos sentar. Claro, minha mãe foi reclamando...
- Tá vendo, Marina? Eu não disse que às vezes é melhor sentar num ônibus e ir direto? Onde já sei viu, eles mudam tudo e não tem UMA plaquinha explicando isso. Ahhhh Meu Deus....

Enfim, chegamos 15 minutos atrasadas mas chegamos. Na volta deu tudo certo porque paramos em Botafogo. Não teve a famosa "baldeação". UFA!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Família Buscapé x JK Iguatemi

Pra minha completa felicidade (sem ironia), meu pai foi com a mulher e meus dois irmãos menores a São Paulo. Passaram uma semana na minha casa. Pra quem não sabe, eu e meu marido moramos num quarto e sala no Itaim Bibi. Sim, 6 pessoas num quarto e sala. E Clarice chegou no 4o. dia para completar a reunião familiar.


Mas então, num dia X, a mulher do meu pai quis conhecer o famoso shopping JK, um dos últimos shoppings construídos na cidade e o mais chique (acho). Só tem loja AAA... Versace... Dolce&Gabbana.... Aquelas lojas que nós, cidadãos comuns, raramente entramos. Na verdade, só entramos mesmo lá fora pra tentar comprar alguma coisa na Back Friday. Tipo, uma meia.
Ok, fomos. O shopping tem a sua parte "menos nobre", digamos assim. Eu adoro ir pra lá e sentar na Livraria da Vila, onde você pode ler um livro inteiro se quiser. A livraria é imensa e mais parece um museu com tantos livros e tantos corredores. Volta e meia, pego uns livros que acho interessantes, sento no café da livraria e fico lá por horas... 
Eu acho livraria uma delicia. Tenho a impressão que você sempre ganha quando entra em uma, mesmo que por osmose.Você acaba respirando cultura. 

Pois então, eu fui com a Bubu (mulher do meu pai) e Julia (minha irmã de 1 ano e meio) no shopping, enquanto meu pai foi com Pedro (meu irmão de 8 anos) no Parque do Povo (na frente do shopping). Meu pai e shopping são coisas que não combinam. Pra falar a verdade, eu também não curto, mas pela família a gente vai.

Rodamos um pouco, demos aquelas olhadas pelas vitrines e fomos parar na democrática Livraria da Vila. Lá a Bubu foi pra sessão de crianças (que diga-se de passagem é INCRÍVEL) e eu fui olhar as prateleiras.

Escolhi uns 3 para folhear e fui pro café. Pedi um café e uma água e me acomodei. É tipo um comportamento default entre quem vai ali... 

Acho que depois de 1h, meu pai me ligou:
- Marina, que shopping vocês estão?
- Ué, pai. Te mostrei, na frente do parque.
- Não... Mas só tem um aqui que tem a Versace na entrada. Vocês não tão aí...
- Sim, pai, é esse. Entra.
- Nesse, Marina? Mas onde vocês estão, minha filha? Nesse shopping? 
- É, pai. Entra. Livraria da Vila. 4o. piso (acho).

Depois de uns 20 minutos, os dois chegaram no café. 
- Levei o Pedro no banheiro... Que luxo...
- Senta, pai. Quer um café?
- Não, não, vou dar uma volta.
- Bubu tá com a Julia na área infantil...

Passa-se 10 minutos, voltam os quatro.
- Pai, quero um doce. Diz Pedro.
- Vamos ali dentro então ver o que tem...
E entraram na parte fechada do café, onde fica a vitrine de doces.

Cinco minutos, voltam ele e Pedro. Esse com um pedaço de bolo na mão.
- Tá bom, Pedro? Eu pergunto.
Meio indiferente, ele diz: 
- Tá...
- Marina, agora você vê... um bolo de fubá! Olha o tamanho... 
Pedro segurava o bolo com a palma da mão. Tinha o tamanho de um cartão de crédito mais ou menos...
- ã....
- Esse bolo! De fubá! R$9,70! Você acredita?
- Sério? Caro, né? Mas por que você comprou?
- Ué, Marina, o garoto querendo um doce... Ele já tinha escolhido, já tava com o bolo na mão, ué... Tem que pagar, né?
- Ah é....
- Olha, Bubu, o pedaço do bolo.... Nem oferece não, Pedro, se não você nem vai comer e a vontade vai continuar. Pior que é de fubá. Se ainda fosse nozes, avelã...
Claro, eu comecei a rir.

Normal de quem está começando doce...
- Pai, tá dando sede.
- Ihhhhhh... Vai esperar até a casa da Marina, Pedro. A água aqui deve ser cara também. 
- É, acho que é R$6 300 ml. 
- Quê???? Vambora, vambora... Aqui já deu.

E voltamos num táxi do shopping, com o taxista certamente achando que éramos a família Buscapé. Uma criança com um pedaço de bolo na mão, todo esfarelado; um senhor de aparência de vô com 3 pessoas de idades completamente diferentes chamando ele de pai; uma mulher negra e nova, chamando ele de amor; uma bebê mulatinha tocando o terror no carro, e eu, apertada na janela do lado direito do táxi, rindo que nem uma doida. Fiquei pensando que há alguns anos eu sentiria vergonha daquilo tudo. E eu tava li, adorando estar vivendo aquele momento.

Os anos passam, a gente fica mais velho, mas... Vale a pena. Com certeza.




quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Imagina na Copa...!

Em meio às inúmeras discussões sobre a arena do Corinthians...

- Marina, você viu isso? Parece que é onde vai ser a abertura da Copa... 
- É... Eu sei.
- Agora você vê, né? Você vai na abertura da Copa, Marina? Vai pagar R$3.000 para ir?
- Eu não, mãe... Muito caro... 
- Olha, eu não vou nem de graça. Nem que falassem "Nanci, vamos te pegar, te levar lá e te deixar em casa", eu ia. Eu hein... Confusão, Meu Deus... Eu sei, eu sei. Iam falar: "mas vai ser bonito. Muito bonito. Emocionante"... Eu sei que vai, mas eu me emociono de casa. É até melhor que posso chorar sossegada. Na minha casa. Obrigada.


E aí, você diz o que?!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

E o telefone toca em Buenos Aires!

Você ganha de aniversário uma viagem a Buenos Aires do seu marido e fica toda feliz! 
La estão. A maior parte do tempo é na rua, mas, um dia no quarto do hotel, o telefone toca...
- Su madre. 
Tomei um susto. Acho que qualquer um tomaria, né? Pois bem:
- Oi, mãe. Tá tudo bem????
- Olha, Marina, vocês viram o que aconteceu na Capadócia? Viram as turistas brasileiras que morreram no balão? (todos lembram disso, né? Turistas brasileiras foram passear de balão e morreram.)
- Não, mãe... O que houve???
- É isso. Agora você vê, a pessoa viaja pra passear e morre!! Agora me diz, pra que a pessoa sobe num balão, meu Deus?! PRA QUÊ?!?!
- Eu ainda não vi isso, mãe...
- Olha, não vou demorar não porque é ligação internacional. Só tô ligando pra falar pra vocês não inventarem de passear em balão. Você tá ouvindo, Marina?
- Mãe, aqui não tem balão.
- Ah ta ta taaa... Mas não vai, hein?! Nem sobe em prédio alto, não vai pro mar, não inventa, Marina! Ai meu Deus...!


domingo, 17 de novembro de 2013

O Elemento

Você tá saindo de um almoço de domingo com uns amigos, quando vê que sua mãe ligou e você não atendeu. 1 ligação perdida significa que não é nada grave. Então, você senta, toma um café e depois, andando pra casa, você retorna a ela.
- Oi, mãe! Me ligou?
Percebo logo que ela tá na rua... Muito barulho atrás e ela falando alto, pra variar.
- Oi, filha! Tudo bem??
- Tudo! Estou voltando de um almoço com uns amigos.. E você?
- Tô na rua..... Vem cá, você recebeu minhas mensagens?
- Não.... Mensagens onde?
- Ué, mandei do meu celular pro seu. Ontem e hoje. 
- Ué, não..... Não chegou nada não.
- Ahhhh meu Deus...Que droga. Eu sabia que não tava chegando... Aí ontem liguei pra Oi e o rapaz disse que teve que fazer uma configuração lá porque estava faltando "um elemento". Mas que voltaria a funcionar em 24hrs. Já deu 24hrs e..... 
- Mãe..... elemento?
- É, ele disse que faltava um elemento. 
- Mas que elemento, mãe?
- Ué, Marina, não é você que é entendida dessas coisas?! Um elemento ué... Eu lá quero saber... Esse pessoal fala fala fala e eu não entendo nada. Então, ele disse "faltava um elemento e já resolvi". Ok, resolvido. Eu lá quero saber que elemento é esse?!
Rindo muito já: 
- Mas, mãe...
- Ahhhh, Marina... é um elemento ué. Que coisa.... Agora você quer saber que elemento é esse?! LIga pra lá e pergunta. Eu já vi que não voltou a funcionar e é isso. Vou ligar de novo. Tchau tchau...
E desligou. Pra variar.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pedro e seus seis irmãos.

E aí, você liga, de novo, pro seu pai pra tentar resolver o mesmo problema que te fez ligar antes... Aquela ligação, que quase acabou com o celular dele, porque sua irmã de 1 ano queria te dar suco...
"Pai.....????"
"Oi, Marina.... Peraí...."
Eu não entendi se ele ria muito ou se chorava. Momento tenso pra uma filha, né?
"Pai, o que houve???????"
"Minha filha, ouve essa...."
Ufa, eu vi que ele tava morrendo de rir.... E cá entre nós, eu adoro ver meu pai morrer de rir. A gargalhada dele é contagiante.
Já rindo, falei:
"Fala, pai.... Que susto!"
"Marina, Marina... Ouve essa... A professora do Pedro pediu que ele fizesse uma redação sobre a família dele. Sabe quantos irmãos ele disse que tinha?????"
Para explicar1: Pedro é meu irmão de 9 anos. Somos 4: eu de 31, Clarice de 20, Pedro de 9 e Julia de quase 2.
Voltando.......
"Quantos, gente???"
"SEIS, Marina. SEIS!"
"Ahhhhh meu Deus, mas quem são os seis?"
"Você, Clarice, Julia, Nanci, Teresa e Bubu".
Eu não sabia se eu ria ou se ficava com pena... Coitado do meu irmão!!!

Para explicar2: Nanci é a MINHA mãe. Teresa é a mãe da Clarice. E Bubu (Joana) é a mãe da Julia. Sim, somos 4 filhos de 4 mulheres diferentes. My big big family.


Na foto, estão todos. Includindo meu segundo pai, Waldyr (marido da minha mãe) e excluindo a mãe do Pedro (Lucia), que mora na Bahia.



Baby Julia

E aí você liga pro seu pai, que tá almoçando com a sua irmã de 1 ano. Ela quer falar...
"Maína, qué suco?"
"Ahhh eu quero... Me dá um pouquinho?"
E você ouve seu pai do outro lado da linha gritando:
"Nãaaaaaa, Julia, tá derramando no telefone."


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Rumo a Garapuá

Quando vai chegando a época da gente viajar e os pais começam a ficar neuróticos, né?
"Então, você vai mesmo pra esse Morro do São Paulo?"
"Vou, mãe. Mas é Morro DE São Paulo."
"Mas, Marina... Que lugar é esse? Vc disse que era Garapuaba...."
"Garapuá, mãe. Morro é uma ilha com várias praias. Garapuá é uma delas."
"Ahhhhhh MEU DEUS... várias praias??? Mas Marina, olha lá hein... Vai mergulhar de cabeça, vai... Tem banco de areia... Se acontece alguma coisa, você fica lá e ninguém te acha. Olha que tô falando por experiência própria... Ah MEU DEUS... Vcs vão pegar barco?"
"Claro, mãe, só se chega lá de barco. Ou aviãozinho. Prefere o quê?"
"Aviãozinho?? Gente... Pra que isso, meu Deus?! Fica em terra firme, minha filha. Nada como ter os pés no chão, em terra firme."

Vai dizer que não valeu a pena?!


terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Fantástico Mundo de Marina?

Vieram me perguntar porque eu não coloquei o nome do meu blog de “O Fantástico Mundo de Marina”. Primeiro, acho um pouco presunçoso qualquer pessoa chamar a sua própria vida de fantástica. Acho que “fantástico” é um adjetivo que pode até caracterizar a vida de alguém, mas eu penso só ser possível defini-la desta forma depois que a pessoa morre. A pessoa não fala “minha vida é fantástica”. Já... “A vida de fulano era fantástica” é possível.

Minha vida certamente não é e nem será rotulada como fantástica. Não sou uma pessoa que ouso demais, não vivo perigosamente, não criei nenhum novo e útil objetivo pra humanidade, não descobri a cura de nenhuma doença, não compus belas músicas, não lutei ferozmente por alguma causa... Mas, nem por isso, minha vida é chata ou morna.

As pessoas vivem procurando motivos para mostrar aos outros como sua própria vida está incrível. É fácil ter vida incrível no facebook, no instagran, no mundo virtual. Aqui fora, no dia a dia, a vida é complicada, às vezes bem sofrida, cheia de lutas, que geralmente não vão parar nas páginas do facebook. Vejo muita gente falando “aquela ali quer mostrar que como a vida é maravilhosa só com as postagens do face”. Me desculpa, mas pra mim, quem acha que a vida de uma pessoa está maravilhosa só pelo facebook pensa pequeno. Muito pequeno. Qualquer um que tenha um mínimo senso crítico sabe que ali estão fotos felizes, momentos bacanas, lapsos de alegria, tudo “very happy”. São reais, mas são momentos, “frames de realidade”.

Eu ouço muito: “te acompanho pelo face”. Acho legal, significa que a pessoa acaba sabendo algumas coisas de mim. Mas, se alguém quer saber mesmo da vida de outra pessoa, não é no facebook que vai procurar, certo? Lá todos poderiam ser: Marina Cherfen – Super Feliz; Fulana de Tal – Só Alegria, etc. Verdade seja dita: lá a gente pode ser o que a gente quiser...

Dor, o sofrimento e até a felicidade real não estão ali. A historia de vida de cada um de nós não está naqueles posts escritos e fotográficos. Está no encontro olho no olho, na voz de uma ligação, em mensagens enviadas de forma privada... O mundo real deve contar com o virtual, mas como complemento, como extensão do que é concreto, verdadeiro.

Sendo meu blog meu mundo virtual, ele nunca vai alcançar o que realmente é meu mundo real. Mas a intenção não é essa; é poder falar, trocar, discutir, contar coisas que acontecem comigo; sendo fantásticas ou totalmente cotidianas. No meu caso, as cotidianas às vezes até são fantásticas, já que eu tenho pais fantásticos. Eles sim eu posso adjetivar dessa forma.  

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Quem é Elani?

Quando um filho adquire um novo celular, o antigo vai para os pais, certo? Pois então... Eu comprei um iPhone e o Blackberry foi pra minha maravilhosa mãe. Como a troca foi feita correndo, o meu antigo aparelho foi pra sua nova dona com todo o histórico (ou quase todo) até então. Isso já tem 1 mês... E eis que de repente...

- "Marina, pelo amor de Deus, como faz esse celular parar de apitar?! Tooooodo dia às 21h, ele toca e aparece Elani, Elani. Eu nuuunca ouvi falar de Elani, meu Deus. Nunca! Quem é hein, Marina?! Toooodo dia isso toca... E eu aperto soneca e daqui a pouco toca de novo... Já tentei lembrar quem é Elani, se é amiga de faculdade, mas não lembro. Não adianta. Vc emprestou esse telefone pra alguém, Marina? Mas o q essa Elani faz todo dia às 9 da noite?!?! Quem é Elani, Marina? Você quer me dizer qual a graça disso?"

Depois de uns 15 minutos sem conseguir falar, saiu no meio das gargalhadas: "a pílula, mãe!!!".

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Arte da Desistência

Tem dias que o mundo parece que acordou ao avesso. Pelo o menos pra você. A graça é que, enquanto você pode ter um dia ruim, outra pessoa pode estar tendo um dia maravilhoso. Alguns chamam isso de equilíbrio do universo. Mas eu acho que é o ciclo orgânico da vida mesmo. Uns dias bons, outros ruins, outros normais, outros ótimos... E dentro desses dias, ocorrem milhões de variações. Num dia ruim, você pode ter coisas bacanas; o que torna o dia menos ruim. Em uma dia bom, você pode ter notícias ruins; o que às vezes estraga o seu dia.

A vida é engraçada. Acho que foi Schopenhauer, nos seus pensamentos pessimistas, que disse que o ser humano tem mais razões para ser infeliz que feliz. Pode ser que seja verdade. A vida é dura, estamos sempre tentando lutar com a maré. Cobranças, decepções, erros, falhas, dúvidas... A vida é sim confusa. Mas eu ainda voto por falar que, mesmo assim, mesmo diante disso tudo, nós, seres humanos, podemos estar felizes. Felicidade não é um estado constante; são momentos, às vezes, de maior recorrência de satisfação, às vezes, menor. Mas não é estável. Se formos pegar cada momento ruim para pautar nossa vida seremos eternos pessimistas. E eu particularmente acho chato aquelas pessoas que vivem reclamando da vida e dos outros. Todo mundo reclama, mas tem o timing de parar, de tentar contornar a situação, de insistir mais um pouco ou até, desistir. Desistir não é feio, faz parte de escolhas da vida também. 
Uma amiga postou essa semana no facebook uma frase que eu achei interessante: “Não desisto fácil mas também não insisto pra sempre.” Acho que é isso. Equilíbrio, insistência, persistência e até desistência. Têm situações que não merecem tanta energia gasta. Eu acho que desistir, algumas vezes, é um ato de coragem.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Momento mãe x filha: medo de avião.

Filha – “Mãe, minha próxima viagem vai ser de milhas!”
Mãe – “Hum.....”
Filha – “Mãe, não fica com medo... Pensa só: o piloto, antes de tudo, zela pela própria vida. Se algo acontecer, ELE morre também.”
Mãe – “Ah... não é isso... É que eu acho que eles colocam os piores pilotos nos aviões de milhas...”
Filha - "Mãe.................... Claro que não......"
Mãe - "Ah Marina, nem queira me convencer que um avião que leva um bando de gente que não pagou passagem tem um bom piloto. DUVIDO. Se eu fosse você, eu não iria não."

Eu não canso de dizer: o Wood Allen TINHA que conhecer a minha mãe!




terça-feira, 29 de outubro de 2013

Marina de Caymmi

Quando eu tinha uns 5 anos, estava eu com meu pai no Centro Cultural dos Correios quando encontramos o Dorival Caymmi. Claro que meu pai me levou até ele e disse: "Marina, ele que fez a sua música, que papai sempre canta". E eu, super surpresa, perguntei ao Caymmi se era verdade, se ele tinha feito mesmo a música pra mim. 
Ele disse "claro, Marina!". 
E eu fiquei o tempo todo de mão dada com ele pela exposição, o chamando de "meu vovozinho".

A desculpa pro "morena" é que, desde pequena, eu tenho uma amiga chamada Morena - Morena Cattoni. Eu achava que a música era pra mim e pra ela.


Eu cresci, claro que entendi que a música não foi feita pra mim, mas meu nome foi pela música. Então insisto em dizer que ela é minha. 

Um detalhe válido: a exposição no Centro Cultural dos Correios era dos desenhos eróticos de Picasso... Quando eu falo que tenho um pai diferente dos outros, tem gente que duvida. 

O Motivo

Eu sempre curti escrever. Desde pequena minhas matérias preferidas na escola eram Português e História para orgulho dos meus pais, professores de ambas disciplinas. 

Minha intenção com esse blog é postar o que eu escrevo eventualmente e as histórias da minha vida. Tenho pais incríveis e únicos, e as pessoas sempre me falam que eu deveria tornar públicas as histórias com eles. Resolvi sair da vontade e tornar isso real. Que seja pra deixar como legado aos meus filhos. Eles vão gostar de ler, aposto.